Dormir demais na velhice pode ser um sinal precoce de demência?

À medida que envelhecemos, é natural que o corpo mude — inclusive o nosso sono. Mas um estudo recente levantou um alerta importante: dormir mais de 8 horas por noite de forma recorrente, especialmente em pessoas mais velhas, pode estar ligado ao risco de desenvolver demência. A pesquisa foi publicada na revista Alzheimer’s & Dementia, que é referência no assunto.

Cientistas da Universidade da Califórnia, em San Francisco, analisaram os dados de mais de 1.000 pessoas com idade média de 81 anos. Eles descobriram que os participantes que dormiam mais do que o habitual tinham quase o dobro de chance de desenvolver a doença de Alzheimer. A explicação pode estar relacionada a alterações no cérebro que ocorrem anos antes dos primeiros sintomas mais evidentes.

O excesso de sono parece não ser apenas um sinal de cansaço ou da idade avançada, mas sim um possível reflexo de mudanças neurológicas silenciosas. Regiões do cérebro responsáveis pela regulação do sono — como o hipotálamo — podem ser afetadas precocemente pelo acúmulo de proteínas ligadas à demência. Assim, o corpo sente a necessidade de dormir mais, mesmo sem um motivo aparente.

É claro que dormir bem continua sendo essencial para a saúde. Mas o que chama atenção nesse estudo é a mudança no padrão de sono: pessoas que antes dormiam 6 ou 7 horas e passam a precisar de 9 ou mais horas por noite de forma constante merecem uma avaliação médica, principalmente se essa mudança vier acompanhada de lapsos de memória ou desorientação.

Os pesquisadores reforçam que isso não significa que toda pessoa que dorme bastante terá demência. Outros fatores também podem causar esse aumento no tempo de sono, como depressão, medicamentos ou outras doenças. Mesmo assim, é importante estar atento, porque o corpo pode estar dando sinais muito antes de um diagnóstico oficial.

Se você convive com alguém mais velho que tem dormido excessivamente nos últimos tempos, vale observar com carinho e procurar um médico. Quando se trata de demência, identificar os sinais precocemente pode ajudar a garantir mais qualidade de vida, cuidados personalizados e planejamento para o futuro.